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Nicarágua: Fora com a escalada imperialista, apoiada pelo Vaticano e pelos governos da esquerda conservadora


Christian Romero, original publicado no site da TMB Argentina

Em sua escalada em direção à Terceira Guerra Mundial, o imperialismo redobra a pressão contra os países latino-americanos que mais se aproximam do polo russo-chinês, como Cuba, Nicarágua e Venezuela. Claro, as particularidades de cada um devem ser levadas em conta, mesmo que Nicarágua e Venezuela sejam Estados capitalistas semicoloniais e Cuba seja um Estado operário.

É neste contexto que, após o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, onde o Vaticano tem se inclinado cada vez mais a favor do imperialismo ocidental, o Papa qualificou o regime do presidente nicaraguense Daniel Ortega como uma "ditadura grosseira", após a condenação de um bispo nicaraguense a 26 anos e 4 meses de prisão”, além do fato de o próprio Papa ter se pronunciado a favor de uma mudança de regime na Venezuela, o que apontaria para um avanço da oposição pró-imperialista.

O papa Francisco chegou a comparar a Nicarágua com as ditaduras de Hitler e em suas críticas ao governo Ortega também fez uso do anticomunismo. 

É neste contexto que o governo Ortega na Nicarágua rompe relações com o Vaticano.

As sanções do imperialismo estadunidense contra a Nicarágua se estendem desde o final de 2022 ao setor de mineração de ouro sob controle estatal da Nicarágua para sufocar o governo nicaraguense.

Isso também deve ser visto no contexto internacional da tendência de desdolarização do próprio comércio internacional promovida pelo polo russo-chinês e a consequente tendência de revalorização do ouro como meio de reserva em relação ao dólar, por um lado, e da tantas vezes anunciada retomada do projeto de construção do mega canal interoceânico na Nicarágua pela China, apoiado pela Rússia.

Na mesma linha de capitulação às pressões internacionais do imperialismo se encontra o governo Lula, assim como votou contra a Rússia e com a OTAN na ONU, Brasília se manifestou, também nas Nações Unidas, com preocupação com a "repressão crescente do governo de Daniel Ortega". Vale lembrar que o país que mais enfrentou o imperialismo estadunidense do ponto de vista militar desde a década de 1980 no continente foi a Nicarágua. Talvez, em seu cálculo de realpolitik, a direção petista acredite que será poupado pelo imperialismo "descendo do muro" em favor da escalada imperialista. Parece não terem aprendido nada com o processo golpista contra o Brasil e o próprio PT, quando, mesmo após ter liderado uma ocupação militar criminosa contra o país mais pobre do continente, o Haiti, em favor do imperialismo, os governos do PT não receberam a gratidão que esperava dos amos do norte, muito pelo contrário, Dilma foi golpeada em 2016 e Lula foi preso por 580 dias.

Concordamos com Claudio Katz quando diz:

"É importante sublinhar que a denúncia dos abusos cometidos pelo partido no poder não justifica o branqueamento da ação do imperialismo, que persiste como o principal inimigo de todos os povos. Desta dupla constatação deduz-se a necessidade de preceder qualquer crítica ao Governo da Nicarágua com um questionamento contundente da agressão dos EUA. Ambas as declarações devem estar ligadas e é apropriado distinguir categoricamente as demandas democráticas contra Ortega das provocações imperiais contra a Nicarágua. Denunciar a má conduta do governo sem mencionar o assédio imperialista é um erro frequente em muitas declarações da esquerda." (Katz: TRÊS CURSOS NO EIXO RADICAL DA AMÉRICA LATINA, 18-2-2023 ).

É dever de todos os militantes que se dizem anti-imperialistas (incluindo os militantes social-cristãos e aos lulistas) opor-se à atual ofensiva imperialista com a bênção papal contra a Nicarágua.


Para saber mais:

NICARÁGUA - DECLARAÇÃO INTERNACIONAL
Em defesa da Nicarágua, contra os EUA e seus agentes golpistas

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