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Sem medo de ser feliz! Vitória de Lula!

Foto: Leandro Molina – Jornal Brasil de Fato RS

Péricles de Lima - Liga Socialista - 01/11/2022

“Sem medo de ser feliz” traduz o sentimento de 50,9% da população brasileira que explodiu de alegria e ocupou as ruas das cidades do país. Uma explosão de emoção e sentimento de liberdade. As pessoas não queriam mais sair das ruas. Olhávamos nos olhos uns dos outros e a expressão era sempre a mesma, de que a festa tinha que continuar. Abraços, beijos, alegria e muita felicidade. Essa foi a expressão de uma vitória do povo sobre fascismo. Todos os setores oprimidos da sociedade nesses quatro anos de desgoverno do Bolsonaro, se encontraram e comemoraram nas ruas com muito amor e alegria. Parabéns ao povo brasileiro que encarou a luta, conquistando essa grande vitória.

A Frente Popular

Quando Lula começou a costurar a Frente Popular, oferecendo o cargo de vice a Alckmin, que tinha acabado de sair do PSDB, nos posicionamos contrários pois sabemos que toda Frente Popular acaba por atender aos interesses da burguesia. Além disso, sabemos muito bem quem é Alckmin, um representante da burguesia com várias acusações de corrupção em seu governo como a dos trens (tremsalão) e da verba das merendas. Fora os ataques terríveis contra trabalhadores, como na greve dos metroviários na qual agiu com dura repressão policial e demissões de trabalhadores grevistas e também o caso da reintegração de posse na comunidade do Pinheirinho, quando a polícia também agiu com extrema violência promovendo um verdadeiro massacre contra os moradores. Agiu da mesma forma contra os estudantes secundaristas em greve contra a reforma do segundo grau.

Porém Lula e a direção do PT convenceram a maioria dos trabalhadores que aquela aliança era necessária pois estrategicamente ajudaria a vencer a eleição para presidente no primeiro turno dificultando um possível golpe bolsonarista e ajudaria também a eleger Haddad para governador de São Paulo.

Essa decisão foi uma “paulada nas pernas” da militância. Não tem como aceitar essa aliança e sair com disposição para a luta. Lula e a direção do PT também não fizeram esforço para a mobilização. Eles se convenceram de que Alckmin traria muitos votos em São Paulo, mostrando a certeza da estratégia deles.

O resultado das urnas no primeiro turno mostrou exatamente o contrário. Lula não cresceu, ficando nos 49%, Haddad por pouco não conseguia ir sequer para o segundo turno. Por outro lado, Bolsonaro saiu dos 35% e chegou aos 43%. Esse foi o resultado catastrófico e mostrou o erro da estratégia da Frente Popular.

A classe trabalhadora entra em cena

Ao perceber o perigo de mais quatro anos com o fascista no governo, a classe trabalhadora decidiu entrar na luta. Lula trouxe os candidatos da direita, derrotados no primeiro turno para o palanque eleitoral. Com certeza haverá uma farta distribuição de cargos com a justificativa de que foram essenciais para a vitória. Mas, com toda a certeza, essa vitória é da classe trabalhadora que entrou de cabeça na campanha, deixando Alckmin e outros golpistas de lado.

O que vimos a partir daí foram imensas manifestações pelas ruas de todo o país, com as pessoas vestindo camisas vermelhas e usando bonés com o símbolo do PT ou com a imagem de Lula. Vimos também muitas camisas e bonés do MST, toalhas de banho com a imagem de Lula e muitas bandeiras do PT.

O mais incrível é que esse material não foi oferecido pelo partido. Eram materiais eram adquiridos em barracas de vendedores ambulantes que aproveitaram a oportunidade para melhorarem suas vendas e, quem sabe, também apoiavam Lula.

Diante desse quadro, não fica difícil analisarmos que essa foi uma vitória da classe trabalhadora e não da frente ampla, que se ampliou ainda mais no segundo turno. É importante sabermos disso, pois teremos muitos enfrentamentos daqui pra frente e a classe trabalhadora terá que saber lutar a luta certa no momento certo.

Contra quem lutamos

Não lutamos apenas contra um adversário político. Lutamos contra Bolsonaro e o movimento fascista consolidado por ele. Lutamos também contra o uso da máquina do estado burguês nas eleições com a conivência do Congresso e também contra o fundamentalismo religioso alimentado o tempo todo pelo atual governo, inclusive com cargos no mesmo.

Bolsonaro perdeu a eleição, mas o bolsonarismo está consolidado no país. Inclusive, acho devemos chamar as coisas pelo seu devido nome pois o bolsonarismo nada mais é que o fascismo adaptado à atual conjuntura. Isso deixa claro que ainda teremos uma grande tarefa pela frente que é o combate ao fascismo, ressaltando que este nada mais é que um dos violentos braços do capitalismo, para garantir a propriedade privada dos meios de produção e os lucros obtidos por essa.

Como disse Bertold Brecht “fascismo apenas pode ser combatido como capitalismo, como a forma de capitalismo mais nua, sem vergonha, mais opressiva e mais traiçoeira.”

Próximas lutas

A primeira luta a enfrentarmos poderá ser para garantirmos a posse de Lula, pois a possibilidade de um golpe não está descartada. Já começamos a ver alguns movimentos de caminhoneiros bloqueando estradas. Começou no Paraná e Santa Catarina e já atinge 19 estados. Portanto, temos que estar atentos e com disposição de luta. Se isso realmente acontecer, não será uma tarefa fácil.

Isso também deixa claro para nós que poderemos ser chamados a defender o governo contra tentativas de golpe no decorrer do mandato. Conhecemos isso muito bem, da experiência do golpe contra o governo Dilma.

Mas, não podemos esquecer em momento algum que este será um governo de Frente Popular e que, portanto, governará com a política de conciliação de classes, atendendo às necessidades dos capitalistas. Outras lutas, com certeza virão na cobrança da classe trabalhadora ao governo Lula. Temos muitas reivindicações que não podemos abrir mão, como por exemplo a revogação das reformas trabalhista e da previdência.

·         Revogação da Reforma Trabalhista;

·         Revogação da Reforma da Previdência,

·         Auxílio desemprego de um Salário Mínimo;

·         Planejamento para ganho real do Salário Mínimo para que ao final do mandato o mesmo atinja o valor determinado pelo DIEESE;

·         Fim do desemprego – retomada imediata de todas as obras paradas e criação de novas obras para obter novos postos de trabalho;

·         Reestatização de tudo o que foi privatizado após o golpe de 2016;

·         Petrobras 100% estatal e sob o controle dos trabalhadores;

·         Reforma agrária sob o controle dos trabalhadores rurais sem-terra;

·         Demarcação imediata das terras indígenas negociada com os povos indígenas;

·         Fim da guerra às drogas;

·         Fim do genocídio da população negra.

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