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ARGENTINA: Larga na frente a candidatura trumpista, antichinesa, defensora da dolarização contra o povo




Nas eleições primárias (PASSO) de domingo, 13 de agosto de 2023, o deputado Javier Milei, do partido "Libertad Avanza", versão argentina do bolsonarismo, sendo o único candidato de seu espaço político prevaleceu como candidato mais votado do país com 30% dos votos .

Não uma, mas duas candidaturas de extrema-direita bem votadas

Cabe esclarecer que candidatos únicos ou vários candidatos de um partido podem se apresentar nas eleições primárias partidárias, como aconteceu com o "Juntos pela Mudança". 

A "ala dura" dessa agremiação da direita, representada por Patricia Bulriich, prevaleceu sobre a mais "moderada", Horacio Larreta, com resultados de 17% e 11% dos votos, respectivamente.

Os analistas destacam a notável vitória do fenômeno Milei, o que discutiremos mais adiante. Mas poucos apontam que as duas candidaturas radicais da direita foram bem votadas.

O decadente oficialismo peronista

Sergio Massa, da "Unión por la Patria" (UP), como é chamada a coalizão oficial, foi o segundo candidato mais votado, superando Juan Grabois no interno da UP, candidato que se apresentava como a ala "esquerda" da UP, que entre seus candidatos somados obteve pouco mais de 27%.

Deve-se dizer que houve uma alta abstenção, apesar da obrigatoriedade do voto. Votaram não mais do que 69% dos eleitores.

A vitória das candidaturas de extrema-direita nas primárias argentinas pode ser um indício de que o declínio do sistema imperialista no Oeste Atlântico e a desindustrialização criam uma nova onda superestrutural e, portanto, política, neofascista.

Milei representa uma facção de extrema direita que defende os interesses antichineses do imperialismo estadunidense. Afirmou que “não faria negócios com a China” porque não faz “transações com comunistas”. Mas considerou que romper relações com Pequim não seria um problema porque “poderíamos fazer transações com o lado civilizado da vida”. (PASSO 2023: o que propõem os candidatos em Política Externa? )

“No ano passado [2022], o comércio bilateral entre Argentina e China ultrapassou US$ 25 bilhões, o maior da história entre os dois. Se somarmos a isso a dependência da Argentina do swap de yuans que mantém com Pequim, a ideia de Milei parece pouco aplicável”. ( idem ).

Em outras palavras, o programa econômico ce Milei seria desastroso até mesmo para a base econômica capitalista argentina, o que significa que esse programa econômico só poderia se sustentar com uma repressão brutal.

É preciso dizer que Milei há muito tem um alinhamento claro e explícito com Trump e Bolsonaro.

O ultraliberalismo, como política econômica de acumulação agressiva de capital, precisa de políticos neofascistas para continuar se impondo contra um proletariado cada vez mais lumpenizado.

A desindustrialização leva a um vácuo representado pela ausência de um proletariado altamente concentrado nas grandes cidades, o que influencia o conjunto das relações de poder dentro do conjunto da estrutura de classes em questão.

Três tendências políticas degradam, misturam e combinam no cenário político burguês mundial, o liberalismo democrático decadente, o neonazismo e o conservadorismo.

Acrescente-se que a geração nascida após a inversão da tendência de redução territorial do capitalismo (em 1989-91) atingiu a maturidade, ou seja, a atual geração de jovens só viu derrotas do proletariado internacional. A classe capitalista aproveita esta virada para a frustração social em relação à direção política burguesa tradicional, ignorando o capital altamente concentrado a que serve essa mesma direção burguesa tradicional.

O crescimiento conjunto da extrema direita tanto de Javier Milei como dentro de “Juntos por el Cambio” representada por Patricia Bulrrich mostra a grande possibilidade de que a extrema direita vença as futuras eleições presidenciais na Argentina no primeiro ou segundo turno.

As políticas econômicas internacionais centristas e social-liberais do nacionalismo abrem caminho para a extrema direita sair das frustrações das massas com o peronismo. Ainda assim, uma vitória do fascismo é uma derrota profunda para o proletariado.

Para deter o avanço da extrema direita na Argentina, o marxismo revolucionário precisa formar uma frente única com todos aqueles que de alguma forma resistem ao fascismo e ao imperialismo, incluindo o nacionalismo peronista que lidera o movimento operário.

O trotskismo argentino é o mais forte da América Latina, porque o nacionalismo histórico (peronismo) suprimiu o espaço da social-democracia, que é então ocupado, em certa medida, pelo pseudo-trotskismo. No entanto, o sectarismo morenista-altamirista tolhe o potencial de crescimento do pseudo-trotskismo argentino.

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