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O fracasso das conversações de Antalya

David Rodrigo Capistrano.


No dia 10/03, realizou-se na cidade de Antalya na Turquia, diálogos bilaterais entre Moscou e Kiev visando um cessar-fogo, mediado pelo chanceler turco Mevelut Chavsoglu.

O fracasso sonoro das conversações de Antalya sobre um possível armistício na Ucrânia, que só interessa as forças de Kiev, é sem dúvida, um sintoma do progresso das forças de Moscou sobre o território ucraniano. Contrariando alguns prognósticos mais apressados, não significa, ainda, uma potencial capitulação de Kiev.

As forças de Moscou, controlam toda extensão da franja costeira do mar de Azov e do mar Negro, toda região portuária de Mariupol e Odessa, caíram sob absoluto domínio Russo.

O envolvimento das potências europeias de segunda ordem no confronto com a Rússia, tem sido um tanto quanto, cauteloso, tímido, procrastinado ao máximo e camuflado por declarações formais de condenação e alguns sansões, apesar da obstinação do imperialismo estadunidense e de sua gendarmeria militar, a OTAN, em envolvê-las mais ativamente.

Biden tem atuado com severas e draconianas sanções na esfera econômica. Entretanto, esta política de embargo, sem precedentes, tem surtido um efeito bumerangue. Internamente, em suas vísceras, o império hegemônico em decadência, encara uma séria oposição ao seu Frenesi guerreiro.

Vergonhosa e cinicamente, Washington, se empenha ativamente, no sentido de se aproximar e estabelece um diálogo com os seus arquirrivais, os iranianos e os venezuelanos para negociar o contingenciamento do petróleo destes países, como alternativa ao petróleo Russo.

A Rússia é produtora, quase que exclusiva, de alguns minérios, imprescindíveis, usados como insumos para indústria aeroespacial e automobilística, como o paládio e o titânio, a indústria armamentista, também dependente dessas matérias-primas. Com a severa política de embargo, já semiparalisa ou refreia os ritmos de produção destes setores em diversos países. A Boeing, que é parte do complexo industrial militar estadunidense, ilustra bem a carência desse tipo de insumo. Com a escassez do titânio, a Boeing, teve um decréscimo na ordem de 9,1% nos primeiros 10 dias do conflito na Ucrânia, na contramão, das demais partícipes do conglomerado armamentista, que somaram juntas mais de 46% de lucratividade neste mesmo período.

Washington ameaça o estorvo da sua "guerra de sanções", sobre os calejados ombros, das suas classes trabalhadoras domésticas, que já suportam a colossal penúria de uma desindustrialização crônica, o desemprego estratosférico, depreciação da massa dos salários, miséria e fome, desde o redemoinho que devastou a já frágil economia estadunidense, a partir de 2008.

As operações de precisão, embora, "cirúrgicas", da Ação Especial Militar russa na Ucrânia, com seus efeitos colaterais, poderão anabolizar as tensões regionais e a rigor o conflito. As incursões das forças de Moscou a oeste do território ucraniano, ameaçam atingir, mesmo que de forma acidental, a vizinha Polônia, país membro da OTAN, o que por sua vez, esse álibi mais que perfeito, obrigará, uma ação diretamente frontal contra a Rússia, generalizada e de maior envergadura, coordenada pela OTAN com suas forças satélites, sob o mando militar do imperialismo estadunidenses.

Os ministros do exterior, o Russo Sergey Lavrov e o ucraniano Dmitri Kuleba, usam vocábulos políticos distintos e diametralmente opostos, sobre a questão ucraniana, de impossível simetria. Com os verdadeiros "diálogos de surdos", empreendidos na cidade turca de Anatalya, ao que parece, o conflito não fenecerá, não será abreviado, do contrário, a tendência latente, é, portanto, de que ele tenha uma extensão duradoura. A movimentação frenética do imperialismo estadunidense e da OTAN, assim como as respostas de Moscou, atestam sua veloz escalada a uma maior intensidade e magnitude.

Apesar da ginástica pirotecnica do fantoche Zelensky, as forças de Kiev estão sob fadiga, embora, soterradas sob a ofensiva de Moscou, e equidistante de uma incorporação a OTAN, como país membro, não é crível a hipótese de que possa haver uma capitulação automática, o que Kiev deseja é uma rendição negociada, isto sim, figura, no horizonte turvo da Ucrânia.

Para Moscou, entretanto, somente uma rendição incondicional, interessa, a finalidade da Ação Especial Militar russa é, ao fim e ao cabo, a desmilitarização e a desnazistização da Ucrânia. A única negociação possível, a qual teria interesse Moscou, tendo Kiev como intermediária, trata-se da imediata suspensão, da imoral política de embargo, assim como também, a suspensão da política de cerco do imperialismo estadunidense e seus satélites, bem como o fim das hostilidades contra a Federação Russa. O que nos parece pouco, plausível e factível no atual panorama das tensões geopolíticas.

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