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A Batalha Política do “Terceiro Turno” foi deflagrada. Quem vencerá?


Davi Rodrigo Capistrano

É um simulacro acintoso de ações mais ou menos coordenadas de delinquência política do Bolsonarismo, interrupções rodoviárias federais e estaduais, com a ocorrência de centenas de pontos de obstrução. Trata-se de um movimento de contestação do resultado indigesto da sua derrota eleitoral. Quem estimula, do alto, esse movimento visa, exclusivamente, provocar um ambiente caótico, transtornando um país em transe. Um país que se debate em um espiral de crise política que parece crônica. É o subproduto do colapso desse período assim chamado da nova ou quinta república.

Dentro dos 58 milhões de votos está a horda bolsonarista que arrasta uma franja política que se aglutina em torno desse espectro de extrema-direita e um antipetismo em geral. A exasperação dos humores desse movimento deflagrou a batalha política do “terceiro turno”. Esse novo momento é manipulado pelo seu caudilho mor. Inconscientemente essa malta se lança para salvar a pele de seu prócer, ameaçado de prisão.

A política oficialista tem, dentre outros anacronismos, um exuberante componente de messianismo político. Esse é um componente determinado por países como o nosso, de um tipo de desenvolvimento capitalista hiper-retardatário, com um longevo passado de escravismo colonial, como um modo-de-produção-social suigeneris. Esse componente agora floresceu como negação do período da nova-república. Vale lembrar que aquele ultralimitado estado-de-bem-estar social-liberal foi uma conquista da luta dos trabalhadores arrancada pela derrota daquela ditadura militar do grande capital (1964-1985). Para livramos dessa nova fase de ditadura do grande capital, desse regime de acumulação de capitais e superexploração do trabalho impulsionado pelo golpe de Estado de 2016, novas lutas serão necessárias.

Essas movimentações têm como um de seus objetivos, o recalcitrante repertório de exclamar por uma "intervenção da caserna". São um sucedâneo de um processo que ocorre após eleições anormais, ou seja, eleições atípicas, sob o signo de um golpe de estado, emoldurado por uma democracia oligárquica. Contudo, parece que o destino dessas movimentações, caso não haja uma inflexão sinuosa, seja um fracasso rotundo.

Na batalha política do "terceiro turno" Bolsonaro começa a ser derrotado. Ao que nos parece, está se tornando mais verossímil e palpável, que o Bolsonaro para salvar a própria pele e de seu séquito pátrio familiar, negocie como já havíamos ventilado, uma anistia limitada ou integral e um salvo conduto. Os piquetes nas rodovias estão funcionando para exercer pressão e chantagem para desobstruir está tangente ao Bolsonaro que observa seu capital político, saído do segundo-turno com uma clientela eleitoral de 58 milhões de eleitores, em franco e célere derretimento.

Ainda que seja bastante prematuro fazer tais conjecturas, entretanto, caso não ocorram todavia, alterações de fundo, o Bolsonarismo sobreviverá fragmentado, pulverizado ou diluído. Aquele salto de qualidade do Bolsonarismo do caráter improvisado e amorfo, para uma forma mais homogênea e orgânica, com capacidade de coordenação política vertical e espectro nacionalizado, com um repertório político e um plantel de intelectuais orgânicos, aparentemente, a realidade contrariou, vem nos mostrando que, repito, ao menos havendo uma mudança substantiva no próximo período, não se viabilizou.

É incontroverso que o Bolsonarismo foi derrotado apenas eleitoralmente no segundo-turno das eleições de 2022. Esta é apenas a primeira batalha política travada do “terceiro-turno”. Quem vencerá? É necessário derrotar o Bolsonarismo politicamente, defender a posse de Lula, e com luta intransigente, conquistar e garantir os direitos da maioria nacional trabalhadora.

O Bolsonarismo, debilitado ou não, invariavelmente, se habilita como força política e social, isso não podemos ignora, mesmo sob nova forma e talvez com novos líderes, poderá capturar, absorver e galvanizar uma oposição política de extrema-direita, com capacidade magnética de atrair setores da direita tradicional e hipertensionar o panorama político do país.

Nossa tarefa é mobilizar, tomar as ruas em um movimento de dimensões amazônicas, agitando o programa dos explorados e passo a passo derrotar de fato o Bolsonarismo.

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